Por ocasião do aniversário de nascimento de Ananias Arruda, transcorrido dia 23 de maio de 2021, presto-lhe uma homenagem transcrevendo um texto de Parsifal Barroso. Ananias, se vivo fosse, estaria completando 135 anos.
Comendador Ananias Arruda (1886-1980) |
Por: Parsifal Barroso (Ex- Governador do Estado e Ex-membro do Instituto do Ceará)
N. R. – Artigo escrito e publicado por ocasião do falecimento de Comendador Ananais Arruda, a 26 de janeiro de 1980.
Publicado In: Jornal “A Verdade”, de 23 de maio de 1986. p.12.
Creio não chegar ainda a destempo com minha sentida
homenagem ao notável cearense e vero apóstolo da Igreja, que foi o meu saudoso
e inesquecível amigo, Comendador Ananias Arruda.
Presto-a, aliás, quando já surgem os primeiros
frutos da floração de graças, oriunda da sua vida eterna em Deus, como sempre o
fez em sua benemérita vida de perfeito católico que soube ser, servindo de
exemplo a todos quantos o admiravam sem poder segui-lo.
Noticia “A Verdade” nos seus últimos números, a ato
criador da Fundação Comendador Ananias Arruda, destinada a manter o Museu que
será encimado pelo seu nome venerando, e a sustentar esse baluarte da escassa
imprensa católica, que é o semanário por ele fundado, para sustentar a verdade
católica.
Sempre lhe disse que o considerava um Bispo leigo,
pois suas obras apostólicas talvez não pudessem ser realizadas se Baturité
fosse elevada a um bispado residencial.
Agora que ele se foi para Deus gozando a verdadeira
vida que não tem fim, relembro ao povo cearense que dentre suas inúmeras
iniciativas, sempre destaquei a sequência benemérita dos dez Congressos
Eucarísticos Paroquiais que sua ardente fé eucarística o levou a realizar, fiel
ao “nec laudare sufficis”, do “Lauda Sion”. Bem fez a Santa Sé em lhe conceder
o privilégio de ter em sua residência a presença vital do nosso irmão
Jesus Cristo de mais valia que as duas condecorações pontifícias com que foi
agraciado pela Igreja e pelo Papa a quem serviu com extremos de dedicação,
devorado pelo zelo apostólico.
Transmiti-lhe essa convicção minha, na luminosa
manhã em que o insquecível D. Antonio Lustosa o condecorou em praça pública,
tendo-me ao seu lado como Governador do Ceará que eu era, ao tempo em que fez
jus a essa segunda e mais alta condecoração papal.
Recordo-me de que não acaitou minha assertiva, por
ser imenso o seu amor a Igreja, a ponto de ver como encantos amáveis aquelas
condecorações de brilho inferior ao de sua forte e crescente fé eucarística.
Conservou-se impoluto e intrépido na sua convicção
católica, mesmo quando se defrontou com as inovações e mudanças dos novos
tempos, e sentiu ao vivo quão difícil e árdua se tornara a prática do bem em
favor do próximo, e mais difícil ainda o alcance da justiça.
Como já acentuei, espero muitas benesses da
Fundação que se criou em Baturité, pois ela nasce sob o patrocício daquele
em cuja honra e memória funcionará, contando com as graças que o apóstolo
Ananias Arruda garantirá em seu favor, na vida mais alta e mais pura em que se
encontra, na bem aventurança do “cernens facies”, em que sempre acreditou,
sedento desse encontro.
Vejo-o a se desdobrar, agora, no espaço e no tempo,
através da Fundação que tem o seu luminoso nome de Apóstolo de Baturité e da
diocese de Fortaleza.
Não choro sua morte, já de há muito esperada,
porque ele sempre foi fiel à sua consciência católica e à sua herança cívica,
bases de sua adamantina formação de líder católico e apóstolo da Igreja.
Dirijo-me ao imortal Comendador Ananias Arruda,
dentro do espírito de penitente oração em que vivo, fiel à mensagem de Fátima,
sentindo e sabendo que ele continua à frente de Fundação, dentro do Museu e na
direção de sua admirável “A Verdade”, verificando a tudo com as graças de sua
alma de eleito de Deus.
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