quarta-feira, 16 de abril de 2025

TESOURO OITICARÁ - Por: Eudes Sousa

                   
 


O MONUMENTO DE OITICARÁ - Por: ana margarida furtado arruda rosemberg

 

O MONUMENTO DE OITICARÁ

                             Foto - acervo Ananias Arruda

Missa Campal - Inauguração do Monumento de Oiticará - Massapê-CE 
Centenário de Miguel de Arruda - 23 de setembro de 1949 
Foto premiada pela Kodak brasileira
Foto - acervo Ananias Arruda

O MONUMENTO DE OITICARÁ

O dia era 23 de setembro de 1949, quando Aurora, a deusa do amanhecer, surgiu cor-de-rosa nos céus de “Oiticará”, abrindo caminho para o sol iluminar o Monumento-Cruzeiro, Marco Histórico do Primeiro Centenário de Nascimento do Capitão Miguel de Arruda, a ser inaugurado naquela manhã.

Em memória de seu pai, Miguel, de seu avô, João José e de seu bisavô, Amaro José, Ananias Arruda ergueu um Cruzeiro no local da casa onde viveram seus ancestrais, na “Fazenda Oiticará”, as margens do riacho Contendas, Ribeira do Acaraú – Rio das Garças – Freguesia de Sant’Ana, então município de Sobral; atualmente pertencente à Massapê, território emancipado de Sobral

Amaro José de Arruda, português, natural da Ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, filho de Pedro de Viveiros e Francisca dos Anjos, aportou em nossas plagas no final do século XVIII com sua esposa dona Ana Maria da Conceição, brasileira de Mamanguape, Paraíba, filha do Capitão José Ferreira da Costa e de dona Maria da Silva.

O casal instalou-se na região Norte do Ceará, em uma fazenda que carregava um doce nome indígena: “Oiticará”; provavelmente junção da palavra Oiti, uma planta comum no Nordeste, com Cará, um peixe que habitava as águas tranquilas do riacho Contendas.

Amaro e Ana geraram uma prole numerosa criando raízes e ramos que se expandiram pelos sopés do maciço cristalino da Serra de Meruoca, penetraram nos sertões da Ribeira de Aracatiaçú, deitaram-se na doçura das encostas da Serra de Baturité, alojaram-se em Fortaleza, transpassaram a Amazônia e o Pará e se espraiaram pela Pátria Mãe.

Um século e meio depois da chegada do “Patriarca de Oiticará”, Amaro José, e Ana, sua esposa, Ananias, honrando a memória de seu pai, Miguel de Arruda, neto de Amaro José, inaugurou com uma Missa Campal, oficiada por Dom José Tupinambá da Frota, então bispo-conde de Sobral, o referido monumento, com uma placa em seu frontispício perpetuando a memória de seus antepassados.

A missa foi “esculpida” em uma bela foto, premiada pela Kodak Brasileira em concurso nacional, no ano seguinte, 1950, com centenas de pessoas vindas de Baturité, Fortaleza, Sobral, Massapê e outras regiões do Ceará, ajoelhadas à margem do Monumento-Cruzeiro, registrando para a posteridade a religiosidade do povo cearense.

Presentes no dia histórico, membros de várias ordens religiosas, o idealizador do evento, Ananias Arruda, seus irmãos: Raimundo, Adelina e a Ir. Maria Luiza, freira Dorotéia, suas filhas adotivas, Rocilvalda e Luiza Altair, sua tia materna Eliza e grande número de netos, bisnetos, trinetos, primos, parentes e amigos do principal homenageado, Capitão Miguel de Arruda e seus ascendentes.  

Além de fotos, o evento foi registrado pela filmadora de Ananias em um filme que captou importantes momentos daquela manhã histórica, como: os quatros filhos do homenageado Capitão Miguel de Arruda: Ananias, Adelina, Raimundo e a freira Doroteia Ir. Maria de Lourdes semeando, em frente ao monumento, 100 sementes de pés de palmeira; a chegada de canoas, caminhões e jipes com centenas de pessoas; momentos da missa campal oficiada por Dom José Tubinambá da Frota e o grupo de familiares e amigos de Ananias Arruda postados em frente ao Monumento.

Além de um símbolo religioso, o cruzeiro é um marco da História da colonização da região de Massapê que deve ser preservado para a posteridade.

ana margarida furtado arruda rosemberg

Fortaleza, 2 de março de 2025

Foto - acervo Ananias Arruda

Familiares descendentes de Miguel de Arruda 
Inauguração do Monumento de Oiticará - Massapê-CE
Primeiro Centenário de Nascimento de Miguel de Arruda - 23 de setembro de 1949
Foto - acervo Ananias Arruda


FCAA - BALANCETE FEV 2025

 






SALVE O PATRIMÔNIO OITICARÁ - UMA CAMPANHA NACIONAL- Por: Eudes de Sousa

UMA CAMPANHA NACIONAL 

SALVE O PATRIMÔNIO OITICARÁ!

Por: Eudes de Sousa 

Um velho problema — por que não chamá-lo de eterno? — afeta nosso patrimônio histórico. No Brasil, é notório o descaso, tanto do poder público quanto do setor privado, em relação a um tema de tamanha relevância histórica, humana, política, cultural e social.

A ausência de uma campanha nacional de conscientização pode nos levar a uma situação insustentável, à medida que o patrimônio vai sendo ignorado e as autoridades responsáveis não dão a devida atenção ao tempo que passa. É urgente e indispensável que desenvolvamos uma consciência crítica sobre a importância e a seriedade com que esse assunto deve ser tratado. A defesa do patrimônio é um tema atual e essencial. Por isso, buscamos trazê-lo ao conhecimento da sociedade brasileira.

A Academia Massapeense de Letras e Artes lança a campanha "Salve o Patrimônio Oiticará", que propõe uma série de princípios éticos e de conduta, tanto na vida pública quanto na privada. Trata-se de uma iniciativa de alcance nacional, cujo objetivo é formar um povo consciente de seus direitos e deveres no que se refere ao respeito e à preservação do patrimônio.


A campanha é um convite, carregado de patriotismo, especialmente àqueles que ainda não refletiram sobre a necessidade urgente de tirar o Patrimônio Oiticará da angústia em que se encontra — uma crise histórica, de responsabilidade e de caráter, que se manifesta hoje sobretudo como crise patrimonial.

A todos que se orgulham de sua história e não aceitam tutelas políticas, cabe, de forma consciente, a missão de resgatar e proteger o nosso Patrimônio Oiticará — para que ele seja intocável, preservado e jamais apagado da memória da comunidade. Que possamos legá-lo às futuras gerações como um símbolo vivo, um espaço histórico profundamente massapeense.

Salvemos o Patrimônio Oiticará! Reflitamos sobre esse problema que deve nos mobilizar.

Participemos, cada um em seu campo de atuação e dentro de suas possibilidades, dessa luta que não é ideológica, mas sim cívica e cultural.

Estamos certos de que cada um de nós, com suas forças e disposição, pode contribuir significativamente com essa causa.
Massapeense, salve o Patrimônio Oiticará — ele pertence a seus filhos e aos filhos de seus filhos!

Presidente da AMLA
Eudes de Sousa, jornalista e escritor