FESTA DE CASAMENTO DE ANANIAS E ANA CUSTÓDIO
Ananias Arruda e Ana Custódio casaram-se no dia 17 de setembro de 1911, na
Matriz de Baturité-CE. A cerimônia de núpcias foi celebrada pelo Monsenhor
Manoel Cândido, tio da noiva.
Naquela manhã de setembro, na casa de seus pais, Coronel Miguel de
Arruda e Livramento Vasconcelos Arruda, um burburinho de regozijo pairava no
ar.
Ananias,
o noivo, um jovem de 25 anos, encantara, com seu olhar sonhador de um azul
profundo, uma bela adolescente que o encantara também. A noiva, Ana, filha
de Custódio e Águida, possuía uma beleza quase angelical, no desabrochar dos
seus 16 anos.
O vestido branco de brocado, fechado até o pescoço e ornado com
pedrarias e joias, realçava o candor virginal de Ana. A cintura bem fina,
marcada com uma rosa, dava-lhe, paradoxalmente, um toque sensual. Uma grinalda
de pedras preciosas prendia o véu de tule de seda que, ao mesmo tempo, escondia
e destacava a beleza da noiva.
Ana
estava radiante como “Ishtar”, antiga deusa do Amor, que foi coberta por um véu
de vapores da terra e do mar, ao surgir das profundezas. O noivo, Ananias,
elegantemente vestido de fraque preto, camisa e luvas brancas, trazia no olhar
energia e determinação.
Após a
cerimônia, os noivos receberam os cumprimentos na casa de Miguel e Livramento e
todos festejaram aquela união. Chegada a hora da fotografia, os 39 membros da
família posicionaram-se e observaram a máquina que tinha um formato de caixa
com um pano preto. O fotógrafo olhou o grupo, através dela, com o pano
sobre a cabeça. Depois, pediu para que todos ficassem imóveis. Quando ele
percebeu que estavam todos em seus lugares e imóveis, abriu o diafragma e expôs
por alguns segundos a chapa fotográfica. Depois, fechou o diafragma e a
fotografia foi tirada para a posteridade.
Os noivos foram fotografados. Ele sentado e ela, ao seu lado, em pé,
como era costume da época. As seis noras do casal Miguel e Livramento, todas em
pé, lado a lado, foram fotografadas, também.
Quando se
casou com Ana, Ananias já desenvolvia uma profícua atividade sociorreligiosa.
Com apenas 14 anos, tomou parte da fundação da Conferência de São Luiz de
Gonzaga. Com 15 anos, ainda estudante, foi professor e, logo depois, diretor da
Escola Paroquial do Menino Deus, para crianças pobres.
Concluiu seu curso de humanidades, em 1902, com 16 anos, iniciando
sua vida profissional na firma dos irmãos Antônio, José e Vicente. Em 1904, com
18 anos, fundou o Círculo Operário Católico de Baturité.
A visita semanal
aos presos da Cadeia Pública de Baturité e a Páscoa anual, Ananias realizou
desde a idade de 15 anos até o fim de sua vida.
Sua união com Ana foi amalgamada com um amor que perdurou durante toda a vida de Ananias. Mesmo depois da morte de sua esposa, que faleceu relativamente jovem, Ananias manteve-se fiel a sua memória. Ele, movido por este amor e pela fé indômita, que sempre o acompanhou, realizou grandiosas obras durante sua longa e abençoada existência.
ana margarida furtado arruda rosemberg
Paris, 14 de setembro de 2022
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