UM OBELISCO CENTENÁRIO E
FLORIDO PARA A TIA JUCA
Maria
Julieta Távora de Arruda Monteiro (tia Juca), a quinta entre os nove filhos do
casal Raimundo Arruda e Noemy Távora de Assis Arruda, nasceu no dia 19.05.1927,
em Belém do Pará. Sua longa e profícua trajetória terrena, de mais de 95 anos,
encerrou-se no dia 12.10.2022.
Tocantes
e merecidas homenagens lhe foram prestadas por familiares e amigos em seu
velório, na funerária Paz Eterna, em Fortaleza. Porém, devo ressaltar que a
maior homenagem foi seu túmulo em um jazigo centenário, em forma de obelisco,
onde repousam seus pais, Raimundo e Noemy, e seu tio materno Olintho, no
cemitério São João Batista de Fortaleza.
A
história desse jazigo é fruto do amor de Maria Távora de Assis, avó materna de
Julieta, por seu filho Olintho Távora de Assis, consumido pelo bacilo da
tuberculose, na flor da idade.
Marinheiro
da Marinha de Guerra, Olintho contraiu tuberculose a bordo de um dos navios e
foi enviado para a casa dos pais com pouco mais de 19 anos, falecendo no dia 30
de maio de 1923, antes de completar 20 anos.
Sua mãe, ao
ver o filho sendo enterrado em uma cova simples, cavada no solo, tratou de
erigir um túmulo sobre a mesma e afixar duas placas: com os seguintes dizeres:
OLINTHO TÁVORA DE ASSIS
28-6-1903
30-5-1923
SAUDADES
DE SUA MÃE E IRMÃOS
e
JAZIGO
PERPÉTUO DA FAMÍLIA
DE MARIA TÁVORA DE ASSIS
Ao cair
da tarde vendo de perto o caixão da tia Juca descer à sepultura e ser colocado ao
lado dos restos mortais de seus pais e de seu tio Olintho, duas lágrimas quentes
brotaram dos meus olhos cansados e correram pelos sucos sinuosos das rugas do
meu rosto.
Ao ver o
coveiro, em seu trabalho tão essencial à humanidade, fechando o ciclo da vida
de tia Juca, lembrei-me da parteira que, ao ajudar a minha avó Noemy durante o parto,
abriu o ciclo da vida de sua filha Julieta, há 95 anos. Em silêncio, os
reverenciei.
Olhei
para o singelo obelisco e lembrei-me do
magnifico obelisco de 3.300 anos, que veio do “Templo de Amon”, em Luxor, no
Egito, e que os franceses ostentam orgulhosos na Praça da Concódia (Place de
la Concorde), em Paris.
Lembrei-me
de um trecho do poema de Fernando Pessoa
“O Rio
da Minha Aldeia”
“O Tejo é mais belo que o rio que
corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”.
Ao ver,
finalmente, o centenário obelisco, rodeado com tantas flores, pensei: É O MAIS
BELO OBELISCO DO MUNDO!
Se pudesse resumir a grandeza da Tia Juca em uma só palavra, seria: SOLIDARIEDADE.
Ao
deixar o cemitério, disse baixinho: Descansa em Paz, tia Juca!
ana margarida furtado arruda
rosemberg
Fortaleza, 14 de outubro de 2022
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