Maria Vanda Teixeira de Arruda Furtado
Rua na Pandemia
Vanda Furtado
O que foi feito da
rua, tantas vezes agitada?
Crianças saindo pra escola,
Barulhos de muito apressados
Gritos de vendedores na orla.
Ansiosos correndo ao mercado,
Atletas treinando atalhos,
E todos partindo aos trabalhos!
E eu me pergunto: aonde iremos?
Igrejas, já quase vazias,
Estádios de há muito isolados,
Escolas de portas fechadas,
Hospitais mais que lotados!
Apenas escancaradas,
As portas das funerárias!
Onde encontrar poesia,
Métrica, rima, harmonia?
Onde se escondeu a alegria?
Não lhe posso responder,
Eu jamais o saberia,
Pois a rua se põe vazia!
Mas olha, então calmamente
Pra baixo daquelas pontes
Verás que há mais carentes
De abrigo, de paz,
aos montes,
Com fome, sem trabalho,
Mendigando pelo falho
Destino que o egoísmo
Impôs à beira do abismo
Nas lares de quem os têm,
Famílias se abraçariam,
Mas, apenas se detém
Da web, por um fio.
E se transmutam no vazio
Em logos de frustração,
Convívio de ansiedade,
Refúgios de dor e saudade!
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