quarta-feira, 26 de maio de 2021

Por: Parsifal Barroso - O APOSTÓLICO ANANIAS ARRUDA

             Por ocasião do aniversário de nascimento de Ananias Arruda, transcorrido dia 23 de maio de 2021, presto-lhe uma homenagem transcrevendo um texto de Parsifal Barroso. Ananias, se vivo fosse, estaria completando 135 anos. 

Comendador Ananias Arruda (1886-1980)

Por:  Parsifal Barroso (Ex- Governador do Estado e Ex-membro do Instituto do Ceará)

 N. R. – Artigo escrito e publicado por ocasião do falecimento de Comendador Ananais Arruda, a 26 de janeiro de 1980.

Publicado In: Jornal “A Verdade”, de 23 de maio de 1986. p.12.

 

Creio não chegar ainda a destempo com minha sentida homenagem ao notável cearense e vero apóstolo da Igreja, que foi o meu saudoso e inesquecível amigo, Comendador Ananias Arruda.

Presto-a, aliás, quando já surgem os primeiros frutos da floração de graças, oriunda da sua vida eterna em Deus, como sempre o fez em sua benemérita vida de perfeito católico que soube ser, servindo de exemplo a todos quantos o admiravam sem poder segui-lo.

Noticia “A Verdade” nos seus últimos números, a ato criador da Fundação Comendador Ananias Arruda, destinada a manter o Museu que será encimado pelo seu nome venerando, e a sustentar esse baluarte da escassa imprensa católica, que é o semanário por ele fundado, para sustentar a verdade católica.

Sempre lhe disse que o considerava um Bispo leigo, pois suas obras apostólicas talvez não pudessem ser realizadas se Baturité fosse elevada a um bispado residencial.

Agora que ele se foi para Deus gozando a verdadeira vida que não tem fim, relembro ao povo cearense que dentre suas inúmeras iniciativas, sempre destaquei a sequência benemérita dos dez Congressos Eucarísticos Paroquiais que sua ardente fé eucarística o levou a realizar, fiel ao “nec laudare sufficis”, do “Lauda Sion”. Bem fez a Santa Sé em lhe conceder o privilégio de ter em sua residência a presença vital do nosso irmão Jesus Cristo de mais valia que as duas condecorações pontifícias com que foi agraciado pela Igreja e pelo Papa a quem serviu com extremos de dedicação, devorado pelo zelo apostólico.

Transmiti-lhe essa convicção minha, na luminosa manhã em que o insquecível D. Antonio Lustosa o condecorou em praça pública, tendo-me ao seu lado como Governador do Ceará que eu era, ao tempo em que fez jus a essa segunda e mais alta condecoração papal.

Recordo-me de que não acaitou minha assertiva, por ser imenso o seu amor a Igreja, a ponto de ver como encantos amáveis aquelas condecorações de brilho inferior ao de sua forte e crescente fé eucarística.

Conservou-se impoluto e intrépido na sua convicção católica, mesmo quando se defrontou com as inovações e mudanças dos novos tempos, e sentiu ao vivo quão difícil e árdua se tornara a prática do bem em favor do próximo, e mais difícil ainda o alcance da justiça.

Como já acentuei, espero muitas benesses da Fundação que se criou em Baturité, pois ela nasce sob o patrocício daquele em cuja honra e memória funcionará, contando com as graças que o apóstolo Ananias Arruda garantirá em seu favor, na vida mais alta e mais pura em que se encontra, na bem aventurança do “cernens facies”, em que sempre acreditou, sedento desse encontro.

Vejo-o a se desdobrar, agora, no espaço e no tempo, através da Fundação que tem o seu luminoso nome de Apóstolo de Baturité e da diocese de Fortaleza.

Não choro sua morte, já de há muito esperada, porque ele sempre foi fiel à sua consciência católica e à sua herança cívica, bases de sua adamantina formação de líder católico e apóstolo da Igreja.

Dirijo-me ao imortal Comendador Ananias Arruda, dentro do espírito de penitente oração em que vivo, fiel à mensagem de Fátima, sentindo e sabendo que ele continua à frente de Fundação, dentro do Museu e na direção de sua admirável “A Verdade”, verificando a tudo com as graças de sua alma de eleito de Deus.