sexta-feira, 14 de outubro de 2022

UM OBELISCO CENTENÁRIO E FLORIDO PARA A TIA JUCA

 



UM OBELISCO CENTENÁRIO E FLORIDO PARA A TIA JUCA

Maria Julieta Távora de Arruda Monteiro (tia Juca), a quinta entre os nove filhos do casal Raimundo Arruda e Noemy Távora de Assis Arruda, nasceu no dia 19.05.1927, em Belém do Pará. Sua longa e profícua trajetória terrena, de mais de 95 anos, encerrou-se no dia 12.10.2022.

Tocantes e merecidas homenagens lhe foram prestadas por familiares e amigos em seu velório, na funerária Paz Eterna, em Fortaleza. Porém, devo ressaltar que a maior homenagem foi seu túmulo em um jazigo centenário, em forma de obelisco, onde repousam seus pais, Raimundo e Noemy, e seu tio materno Olintho, no cemitério São João Batista de Fortaleza.

A história desse jazigo é fruto do amor de Maria Távora de Assis, avó materna de Julieta, por seu filho Olintho Távora de Assis, consumido pelo bacilo da tuberculose, na flor da idade.  

Marinheiro da Marinha de Guerra, Olintho contraiu tuberculose a bordo de um dos navios e foi enviado para a casa dos pais com pouco mais de 19 anos, falecendo no dia 30 de maio de 1923, antes de completar 20 anos.

Sua mãe, ao ver o filho sendo enterrado em uma cova simples, cavada no solo, tratou de erigir um túmulo sobre a mesma e afixar duas placas: com os seguintes dizeres:

 

 OLINTHO TÁVORA DE ASSIS

 28-6-1903

 30-5-1923

SAUDADES DE SUA MÃE E IRMÃOS

e

JAZIGO PERPÉTUO DA FAMÍLIA

 DE MARIA TÁVORA DE ASSIS

 

Ao cair da tarde vendo de perto o caixão da tia Juca descer à sepultura e ser colocado ao lado dos restos mortais de seus pais e de seu tio Olintho, duas lágrimas quentes brotaram dos meus olhos cansados e correram pelos sucos sinuosos das rugas do meu rosto.

 

Ao ver o coveiro, em seu trabalho tão essencial à humanidade, fechando o ciclo da vida de tia Juca, lembrei-me da parteira que, ao ajudar a minha avó Noemy durante o parto, abriu o ciclo da vida de sua filha Julieta, há 95 anos. Em silêncio, os reverenciei.

 

Olhei para o singelo obelisco e lembrei-me do magnifico obelisco de 3.300 anos, que veio do “Templo de Amon”, em Luxor, no Egito, e que os franceses ostentam orgulhosos na Praça da Concódia (Place de la Concorde), em Paris.

 

 Lembrei-me de um trecho do poema de Fernando Pessoa

 “O Rio da Minha Aldeia”

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”.

Ao ver, finalmente, o centenário obelisco, rodeado com tantas flores, pensei: É O MAIS BELO OBELISCO DO MUNDO!

Se pudesse resumir a grandeza da Tia Juca em uma só palavra, seria: SOLIDARIEDADE.

Ao deixar o cemitério, disse baixinho: Descansa em Paz, tia Juca!

ana margarida furtado arruda rosemberg

Fortaleza, 14 de outubro de 2022

 

terça-feira, 20 de setembro de 2022

111 ANOS DO CASAMENTO DE ANANIAS ARRUDA E ANA CUSTÓDIO

 


FESTA DE CASAMENTO DE ANANIAS E ANA CUSTÓDIO


Ananias Arruda e Ana Custódio casaram-se no dia 17 de setembro de 1911, na Matriz de Baturité-CE. A cerimônia de núpcias foi celebrada pelo Monsenhor Manoel Cândido, tio da noiva.

Naquela manhã de setembro, na casa de seus pais, Coronel Miguel de Arruda e Livramento Vasconcelos Arruda, um burburinho de regozijo pairava no ar.

             Ananias, o noivo, um jovem de 25 anos, encantara, com seu olhar sonhador de um azul profundo, uma bela adolescente que o encantara também. A noiva, Ana, filha de Custódio e Águida, possuía uma beleza quase angelical, no desabrochar dos seus 16 anos.

O vestido branco de brocado, fechado até o pescoço e ornado com pedrarias e joias, realçava o candor virginal de Ana. A cintura bem fina, marcada com uma rosa, dava-lhe, paradoxalmente, um toque sensual. Uma grinalda de pedras preciosas prendia o véu de tule de seda que, ao mesmo tempo, escondia e destacava a beleza da noiva. 

            Ana estava radiante como “Ishtar”, antiga deusa do Amor, que foi coberta por um véu de vapores da terra e do mar, ao surgir das profundezas. O noivo, Ananias, elegantemente vestido de fraque preto, camisa e luvas brancas, trazia no olhar energia e determinação.

            Após a cerimônia, os noivos receberam os cumprimentos na casa de Miguel e Livramento e todos festejaram aquela união. Chegada a hora da fotografia, os 39 membros da família posicionaram-se e observaram a máquina que tinha um formato de caixa com um pano preto. O fotógrafo olhou o grupo, através dela, com o pano sobre a cabeça. Depois, pediu para que todos ficassem imóveis. Quando ele percebeu que estavam todos em seus lugares e imóveis, abriu o diafragma e expôs por alguns segundos a chapa fotográfica. Depois, fechou o diafragma e a fotografia foi tirada para a posteridade. 

Os noivos foram fotografados. Ele sentado e ela, ao seu lado, em pé, como era costume da época. As seis noras do casal Miguel e Livramento, todas em pé, lado a lado, foram fotografadas, também.

       Quando se casou com Ana, Ananias já desenvolvia uma profícua atividade sociorreligiosa. Com apenas 14 anos, tomou parte da fundação da Conferência de São Luiz de Gonzaga. Com 15 anos, ainda estudante, foi professor e, logo depois, diretor da Escola Paroquial do Menino Deus, para crianças pobres.                        

 Concluiu seu curso de humanidades, em 1902, com 16 anos, iniciando sua vida profissional na firma dos irmãos Antônio, José e Vicente. Em 1904, com 18 anos, fundou o Círculo Operário Católico de Baturité. 

           A visita semanal aos presos da Cadeia Pública de Baturité e a Páscoa anual, Ananias realizou desde a idade de 15 anos até o fim de sua vida. 

            Sua união com Ana foi amalgamada com um amor que perdurou durante toda a vida de Ananias.  Mesmo depois da morte de sua esposa, que faleceu relativamente jovem, Ananias manteve-se fiel a sua memória. Ele, movido por este amor e pela fé indômita, que sempre o acompanhou, realizou grandiosas obras durante sua longa e abençoada existência.

ana margarida furtado arruda rosemberg

Paris, 14 de setembro de 2022

 

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Ananias & Donaninha e filhos

 

    Foto do acervo de Ananias Arruda – Baturité – final da década de 1930

O texto abaixo foi extraído do livro: “COMENDADOR ANANIAS ARRUDA – um exemplo de vida cristã, política e Social” – de Olintho Távora Arruda - Gráfica Vênus – 2001 – páginas 7 e 8.

Foi digitado e postado no Blog do Museu Comendador Ananias Arruda por Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg, em 20.02.2022.

“Profundamente afeiçoado um ao outro, ANANIAS e DONANINHA viveram uma perfeita união conjugal. Embora Deus não lhes tenha dado filhos, o destino lhes preparara uma surpresa: em 1921 uma mãe cristã de nome Heraclides Monte Comaru, viúva de Jeremias Comaru, antes de seu falecimento acontecido no dia 20 de março de 1921, entregou aos cuidados de um Vicentino, Tesoureiro da Conferência de São Luiz de Gonzaga, Senhor ANANIAS ARRUDA, nomeando-o tutor de 4 (quatro) pequenas crianças, as quais foram acolhidas com  muito carinho por ANANIAS e DONANINHA e amparadas pelo Sr. Arcebispo Metropolitano de Fortaleza, Dom Manuel da Silva Gomes, que as colocou em2 (dois) importantes estabelecimentos de educação religiosa de sua Arquidiocese.

As crianças eram:  

CLODOMIR de 10 (dez) anos,

        EVERTON, de 09 (nove) anos,

        ROCIVALDA, de 07 (sete) anos,

        LUIZA ALTAIR, de 05 (cinco) anos.

Os dois primeiros, Clodomir e Everton, o Sr. Arcebispo determinou que fossem internados na casa dos Frades Franciscanos da Cidade de Canindé, e as duas restantes, Rocivalda e Luiza Altair, internadas no Colégio da Imaculada Conceição de Fortaleza.

            Clodomir Monte Comaru passou 6 (seis) anos em Canindé e 4 (quatro) anos na Escola Apostólica dos Padres Jesuítas desta cidade, trabalhando na oficina de carpintaria e como eletricista. Posteriormente foi internado no Colégio Antônio Vieira, dos padres Jesuítas, no Estado da Bahia, cursando a Escola Politécnica, tendo concluído seus estudos com brilhantismo.

            Ainda é vivo, casado e constitui família, residindo atualmente em Fortaleza.

            Everton Monte Comaru passou 5 anos em Canidé e 5 anos no Seminário Menor de Fortaleza, tendo concluído o curso de Seminarista, quando posteriormente se matriculou na Escola Apostólica dos Padres Jesuítas desta Cidade, onde foi professor por alguns anos.

Constituiu família, vindo a falecer, no dia 19 de março de 1978, na Cidade de Vitória, no Estado do Espírito Santo, onde residia. Lecionava na Escola Politécnica.

            Rocivalda Monte Comaru, conhecida na intimidade como Rosinha, concluiu o Curso Normal no Colégio da Imaculada Conceição de Fortaleza, onde foi professora por alguns anos, sendo posteriormente nomeada Inspetora do Ensino. Viveu na companhia de seus pais adotivos, acompanhando sua mãe até o falecimento, quando posteriormente fez companhia a ANANIAS, até seu passamento. Não contraiu matrimônio. Faleceu em Fortaleza no dia 10 de julho de 1991, sendo sepultada aqui em Baturité.

          Luiza Altair Monte Comaru, conhecida na intimidade como Luizinha, terminou o seu curso Normal no Colégio da Imaculada Conceição de Fortaleza. Foi professora por vários anos no Grupo Escolar Monsenhor “Manoel Cândido” desta cidade e viveu com seus pais adotivos por muitos anos. Não contraiu matrimônio e depois do falecimento de sua mãe Donaninha, passou a fazer companhia a seu pai ANANIAS até seu falecimento em 26 de janeiro de 1980. Faleceu em Fortaleza no dia 11 de outubro de 1999.

            Em 1932, ANANIAS e DONANINHA adotaram uma criança, de nome Miguel Alberto, filho legítimo de seu irmão de nome Eurico, falecido viúvo, o qual durante sua infância e adolescência, teve todas as oportunidades Educacionais, frequentando os Colégios:  Salesiano “Domingos Sávio”, desta cidade e o Colégio Nobrega da Cidade da Cidade de Recife, no Estado de Pernambuco. Faleceu no dia 31 de outubro de 1997, sendo sepultado no Cemitério São João Batista desta Cidade."

(Dados do arquivo do Jornal “A VERDADE”)